Iguaba Grande

Desastre em Petrópolis: Fenômeno Natural e/ou Ignorância Política?

Por: Drª Margoth Cardoso*

ícone relógio24/02/2022 às 09:24:53- atualizado em  
Desastre em Petrópolis: Fenômeno Natural e/ou Ignorância Política?

Começo esse desabafo reforçando que é preciso, urgentemente, prestar todo o tipo de solidariedade ao povo petropolitano. Fazer chegar donativos para aqueles que estão precisando. Agora é dar suporte para que essa dor, ao menos, seja amenizada.
 
Mas precisamos ser solidários também na luta por mudanças nos paradigmas sobre nossas ações frente ao meio ambiente e o comprometimento dos governantes com as problemáticas ambientais. É fato que estamos vivendo um “novo normal”, mas não como esperávamos. As mudanças climáticas provocadas pelo desmatamento acelerado das florestas, a flexibilização das leis ambientais, etc. tem como consequências os deslizamentos de encostas com destruição de moradias, enchentes e até óbitos. Urge a necessidade de se responder a seguinte questão: como se adaptar a esse cenário tão rapidamente?
 
A catástrofe de Petrópolis escancarou de vez a visão distorcida dos políticos sobre o gerenciamento das prevenções aos desastres naturais. É comum escutarmos que o Brasil não tem furacões, erupções vulcânicas, terremotos, dentre outros fenômenos naturais. Isso nos dá a falsa sensação de alívio. Mas isso não é bem assim.
 
Os desastres por aqui ocorrem por combinações de três fatores: exposição, perigo natural e vulnerabilidade. A exposição e a vulnerabilidade são questões que podem ser tratadas facilmente com políticas habitacionais, preservação de encostas, redução da desigualdade social, educação ambiental e por aí vai. Sobre o ponto do perigo natural, que vem de boa parte das chuvas intensas que vivenciamos periodicamente, já possuímos tecnologia de monitoramento e controle, que possibilita a redução dos danos como os que vimos na cidade petropolitana. Mas a ignorância sobre o tema, aliado ao fato de que a atuação preventiva não traz resultados imediatos, faz com que agentes políticos inescrupulosos ignorem os riscos que a população mais carente passa anualmente. E o pior: não falta recurso financeiro para esse destino!
 
As eleições de 2022 estão chegando. Não é possível que pretendentes aos cargos eletivos sejam incapazes de debater esse tema com seriedade e profundidade. Quem não se preparou e não tem conteúdo para agir em prol de políticas ambientais que construam cidades inteligentes que preconizem a sustentabilidade local, não merecem nosso voto.

*Drª Margoth Cardoso - Advogada, mestranda em Ambiente. Sociedade e Desenvolvimento UFRJ, pós-graduanda em Direito Ambiental UFPR, candidata à prefeita pelo PT em Iguaba Grande em 2020.

Fonte da foto: https://www.cut.org.br/noticias/chuvas-em-petropolis-numero-de-mortos-sobe-para-120-394e