Iguaba Grande

Sindicatos: A Relação Sociopolítica com a Classe Trabalhadora

Por Fernando Santoro

ícone relógio09/03/2022 às 09:14:08- atualizado em  
Sindicatos: A Relação Sociopolítica com a Classe Trabalhadora

Há uma análise crítica da classe dominante (detentora do capital) sobre o papel das entidades sindicais. Essa classe defende que a relação sindicato/trabalhadores se restrinja somente à esfera trabalhista, não aceitando a interferência em áreas sociais e políticas da sociedade. Se observarmos ao longo da história, seja na Inglaterra no início do século XIX, no Brasil na era Vargas, no golpe militar ou até o surgimento do "novo sindicalismo" na década de 70, a relação sociopolítica sempre permeou sindicatos e operários. Vemos que, comparando como uma pirâmide, temos no alto a política e na base a classe trabalhadora, e nessa função de elo de ligação, o sindicato, através da mediação de uma organização e formação do senso crítico na luta e importância do cidadão na sociedade.

De acordo com a resolução da I internacional: " O partido (política) transmite um pertencimento, até passageiro, mas marcante entre os trabalhadores, quanto ao sindicato, visa a classe de maneira permanente. Somente este é capaz de reunir todos os elementos, sejam trabalhista, social ou político e representar os interesses da massa proletária."

Já no século XIX, a economista Rosa Luxemburgo, de cunho teórico marxista e dirigente do movimento comunista internacional, afirmava que: "...não é a cúpula das organizações (sindicatos) mas antes é a base, nas massas proletários que se encontra a garantia da unidade real do movimento operário e sua força política transformadora."

O grande esforço da elite opressora é a despolitização dos conflitos trabalhistas. Dessa forma, tendo um sindicato pensando somente na luta por salários e similares, e sem uma pressão política organizada e coletiva por parte da classe trabalhadora, se atingiria os efeitos e não as causas. Marx já nos ensinava: "… se atacaria os fenômenos, a aparência é não a essência, a materialidade concreta”.

Tenho certeza de que a relação entidade sindical com a classe trabalhadora vai além lutas por direitos trabalhistas. É a formação do senso crítico político do trabalhador, quanto suas posições como cidadão. Isto posto, nos dias de hoje, ainda vemos a tentativa da classe dominante (a elite opressora) de desacreditar e descolar a política da luta sindical com intuito de ter uma classe trabalhadora local não organizada, despolitizada, ou seja, como se diz no popular: uma “massa de manobra”.

Lamento informar aos opressores que pensam que os trabalhadores não estão unidos. A política faz parte da vida de todas e todos e a entidade sindical é parte desta transformação sociopolítica local e global.

*Fernando Santoro - Professor de História, Diretor do Sindicato dos Servidores Públicos de Iguaba e São Pedro, servidor público da Educação em Iguaba e militante dos direitos humanos.

Foto: evento promovido pelo Sindicato dos Servidores Públicos de Iguaba Grande sobre o atraso nos pagamentos dos salários em Iguaba.